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quinta-feira, 22 de março de 2012

Nada e tudo a ver com Gaiman: Os Tipos de histórias!

Bem, na ultima postagem sobre criação de histórias, vimos que, segundo Neil Gaiman, toda boa história tem começo, meio e fim. Vimos também que existem dois meios de se começar uma história.
Podemos começar do começo, contado passo a passo os desafios que estão na história do herói, e esses desafios crescem proporcionalmente… Desde bandidos goblins até feiticeiros poderosos ou de gangues de cidade até os Iluminati da Baviera.
Ou podemos começar com uma cena isolada, e depois seguir com o cotidiano de nossos personagens e amarrar a trama no meio da história.
Também, vimos como desenvolver a primeira historia iniciando a segunda. Agora, eu gostaria de apresentar duas (ou três) coisas aos amigos… Histórias Lineares e Não Lineares.

Histórias Lineares: As crianças ficam mais fortes a cada dia que passa!

Esses tipos de história se desenvolvem ao longo de várias histórias e cenas, seguindo um tipo de linha de acontecimentos não isolados, do inicio ao final da Campanha.
No exemplo da última coluna temos um simples assalto goblin que, para surpresa dos heróis, estão envolvidos com o feiticeiro do pântano local, depois disso a próximas aventuras desta campanha  seguirão essa mesma história.


Porém, isso não vem a ser regra, uma história linear, pode apresentar além de uma história principal, várias sub-tramas que irão se desenvolvendo paralelas as tramas centrais – e como a Lei de Gaiman nos fala, você TERÁ que encerrar todas as tramas paralelas juntas, ou antes, da sua trama primária se encerrar.
Nós vemos Histórias Lineares geralmente em literaturas que envolvem muitos livros, como Dragonlance, O Senhor dos Anéis, Harry Potter, A Torre Negra ( de Stephen King, alguém???), em algumas séries de televisão (Star Wars, Prision Break) e em na maioria dos  Animês (ah, tipo Naruto. Alguém ai conhece Naruto?).
Uma coisa muito interessante nas Histórias Lineares é que nelas, nós podemos ver os heróis centrais se desenvolvendo e aprendendo novas lições e poderes ou mostrando mais sapiência e presteza na nova história (“Goku… você agora aprendeu a virar Super Saiyajin Nível 99”).  Esse tipo de história lembra muito e muito as campanhas de RPG, quando o seu personagem sobe de nível e adquire mais e mais poder.

As Histórias Não-Lineares: Matando o monstro da Semana!

Neste tipo de histórias nós vemos histórias diferentes a cada nova seção de RPG ou  a cada Episódio.
Todo novo capitulo da vida dos heróis é enfrentando uma nova situação de perigo que pode ter sido causada pelo mesmo vilão ou por algum outro monstro.
Geralmente entre uma historia deste tipo quase não haverá nenhum ponto em comum com a outra, a não ser, é claro, um ou outro vilão em específico.
Também, nesse tipo de história é comum toda a aventura se desenvolver num determinado período de tempo. Se ela for uma seção de RPG, a aventura poderá iniciar com os personagens sendo roubados pelos Goblins e no final da tarde já terão invadido o covil das criaturas e recuperado o item perdido… depois a segunda a aventura dos heróis pode ser ajudar ao rei local a combater uma invasão bárbara. Isso mostra como esse tipo de história se abre e fecha por si só. As Campnhas Não Lineares são as que você melhor aproveita as suas “Aventuras Prontas”, aquelas aventuas que se compra ou que vem em matérias da Dragão Brasil ou a Dragonslayer por serem mais fáceis de se adaptar, uma vez que uma cronologia de acontecimentos não existe.
Uma pena é que nas histórias Não lineares não vemos os personagens se desenvolverem, aprenderem novos poderes ou mudarem de alguma forma significativa. No geral, o Superman é sempre o Superman, ele não tem uma linha de aprendizado de seus poderes (só na série SmallVile), mas no geral o Superman terá seus poderes e não aprenderá nada de novo… o mesmo vale para o Wolverine e outros personagens comuns em histórias não lineares.
Um exemplo bizarro de Não Lineridade é Power Ranger e as séries de Tokusatsu. A Cada novo episódio se mata um Monstro novo e se salva o dia.

O Meio termo… A Receita mais Usada para o Bolo!

Uma boa receita é usar um pouco de cada uma dos dois tipos de história na sua Campanha de RPG. Desenvolva uma trama primária que irá se desenvolver história após história, mas crie no meio dela, histórias que não farão exatamente parte da trama e que começam e terminam no mesmo dia… Apenas para segurar um pouco mais o tempo de duração de sua história ou para criar um período de expectativa no seu publico alvo. Lembre-se que o bom contador de histórias sempre deixa os ouvintes querendo mais…
E se, após descobrirem que os goblins foram pagos pelo feiticeiro local para cometerem o roubo, os personagens decidirem atacar diretamente o feiticeiro? Após esse combate os heróis poderão ser derrotados pelo feiticeiro porque ele é muito mais poderoso. Ao logo do tempo, talvez rolando no meio destas histórias algumas aventuras que terminam nelas mesmas, como ajudar o Rei a combater os bárbaros, os personagens descobrem que o Feiticeiro é inimigo do Druida do Bosque Negro.
Então, nossos aventureiros se aventuram no Bosque Negro, enfrentando toda uma sorte de criaturas que somente saem à noite e que habitam o bosque dando o nome para o mesmo, para chegarem ao Druida e pedirem seu auxilio para derrotarem o Feiticeiro do Pântano.
Só que… Infelizmente para os personagens, o Druida decide que só irá ajuda se os heróis lhe fizerem um serviço… Esse serviço pode ser uma história isolada que não tem mais nenhuma relação com a história, mas irá prender um pouco a tensão da derrota para o Feiticeiro e inserir os personagens num momento não linear da história.
Outro exemplo bacana é no meio de um período de férias (Ué, você não sabia? Heróis também descansam!!!) os personagens participarem de uma trama simples e descompromissada.
Muito do que se vê nas séries de hoje usa bem a receita. No meio de um arco importante da história entra uma história sem relação com toda a trama que só servirá para dar mais trabalho aos heróis (certo, por aqui chamamos isso de  filler )… Ou para segurar um pouco da audiência, se ela for uma série de TV! Nunca, em hipóterse alguma, caro contador de narrativas, estenda essas histórias adicionais senão pode acontecer de você fazer o seu publico perder a credibilidade na história ou você pode perder o fio da meada e não saber voltar para o ponto em que estava antes. Use isso com moderação, ou você acha que seu publico irá adorar 20 ou 40 histórias de puro “encher de lingüiça”. E quem olhou os filler de Naruto ou de Bleach sabem do que estou falando.
Bem… Deixem-me voltar ao texto original antes que eu perca o fio da meada…

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